domingo, 30 de outubro de 2011

soprar

Quem me dera
Derreter essa vontade
Feito um sorvete

Deixar de adivinhar
A forma dos teus segredos
Soprar longe feito nuvem.

Limpar os fiapos
De medo na cama
Deitar

Sem tempo
Sem pressa
Sem nada
Para passar.

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Transito ruim, transito,
Sinal, tunel,
Pressa de lugar nenhum.

Aquela chuvinha fina
Cortando o ar feito gilete

A tijuca é longe,
Você é mais.

Nenhum email
que valha a pena ser lido
Enquanto não se rasga
O papel do email.

Rasgar os papeis
Cortar o ar
Me parte o coração

segunda-feira, 20 de junho de 2011

Querência

O desejo do amor
Não cria mais
Amor.

Dor?

O desejo de sorte
Não cria mais
Sorte.

Morte?

O desejo não.
Cria mais confusão.
Não rima
Íman de não
Caber nas mãos.

Coração?

quinta-feira, 21 de abril de 2011

Deu

Bem no meio
Dos lensois
Um trapo
Deitado, forçado
Mastigado e cuspido
Eu, farrapo
Depois do trato
Que você me deu
Meteu em laço
Mesmo um barato
Que foi só teu
E me fu-
Rou o coraçao

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Figuras impossíveis

Não.

A vida não é mesmo
Essa mistura
De amor e leite
Em que já nao se distingue
Se o sentimento é liquido
Ou a comida abstrata.

Não.

O agora é nunca
Pois cada vez que me adianto
Um passo
O tapete escorrega
trapaça o instante em atraso.

Não.

Dois espelhos se olhando
Nunca viverão
O infinito que carregam.
Do que sabem as imagens?
Prata, vidro, estilhaço:
Toda realidade é passível de morte.