quarta-feira, 20 de outubro de 2010

para não

Para não
perder
se em
transe
abrace
a tontura

Para não voar,
na fissura
o chão

Para não
correr
o risco
da palavra
pura
mente
dura,

Para durar,
aprender o não.

Disfarce a flor
na doçura
de um alface.
puxe a cor
que toda superficie
costura

como gente
que em vão
não se esquece
para não
parar
o coração

Enlace.

domingo, 10 de outubro de 2010

a ordem das coisas

No cartório está descrito
Marcado no concreto do escrito:
Nascimento, casamento, Morte.

Ora mas que sorte!
A ordem das coisas
já fixou seu norte?

Nascer, crescer, envelhecer...
E se quiser rebubinar a fita?
A vida, uma linha torta,
embolada, infinita,
que importa?!
É de deixar aflita!
Começar morta,
se já antecipam a escrita.

Deixem o acaso escrever.
Amar, nascer, envelhecer e casar
antes do encontro, e ter um caso,
um flho e um nome,
um brilho no olho do homem.

Que delícia o vai e vem!
Saber logo na saída
qual era o fluxo do trem.

Afinal aquela escala,
sistema métrico de história
veio de quem?
qual memória?

que delícia a desordem!
os incomodados
que se mudem.