quinta-feira, 24 de junho de 2010

meias verdes

Se eu sigo contando
pedrinhas no chão
"maria-joão-maria-joão"
é que perdi meus caminhos
meu ninho, meu nicho.

Os camaradas que restaram,
minhas migalhas de pão,
eu conto nos dedos.
Eu tenho virado bicho.

E o coração,
como um tendão de Aquiles
quase que esmigalha!

Enquanto eu não perco a batalha,
fantasio em versos
(universos cor-de-rosa)
que a verdadeira falha
tem sido usar meias verdes.

Quando a bainha descortina
moleca, coisa de menina,
minhas meias verdas à mostra
eu desatino
pateticamente exposta.

Deve ser isso.
Deve ser isso.

quinta-feira, 3 de junho de 2010

turvo

Eu confundo
a sede com a fome
a fome com medo
o medo com teu nome.

Eu perco, sempre,
infame. Sem saber onde
o pé alcansa e quanto
um peixe consome.

As carpas, as larvas, a lama,
confundo.
É que o fundo some
se o lago
é profundo.