segunda-feira, 19 de outubro de 2009

post mortem

Visito o baú das coisas perdidas:
Não se distingue das prateleiras.
O baú tomou o quarto.
Visito o quarto das coisas perdidas:
Quadros que tomam paredes inteiras
paredes sem beiras se tornam internas.
Há cartas cujas palavras foram lavadas
E partes de objetos tornadas invisíveis.
A poeira cobriu os lensóis.
Os lençóis, invencíveis, cobriram a vida.
Visito a vida das coisas perdidas:
à primeira vista,
memória sem pista,
o anel que tu me deste
e não lembro quem foste.

Vão-se os dedos,
ficam os anéis.

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