todos escrevem poemas.
Quem estará nas ruas?
quem apertará os botões
das máquinas de fabricar,
das máquinas de limpar,
das máquinas de rodar
o mundo?
todos escrevem poemas.
Quem viverá, real e convicto
material e invicto
sem escrever poemas?
Quem empurrará os carrinhos de bebê?
quem plantará os legumes?
quem contará o troco?
quem subirá no palanque
e quem o aplaudirá?
Quem passeará pelos supermercados
e abrirá as torneiras, as portas, as bocas,
nas ações cristalinas, cristalizadas,
do banho, do trabalho, da comida.
Quem nas horas duras,
quem, nas horas vagas,
quem é que ainda tem horas vagas?
todos escrevem poemas.
Quem, ao se deitar,
quem, ao passar,
quem ao viver
não estará morrendo?
Um dia após o outro
contando, regressivos,
as páginas para o fim
do livro.
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