domingo, 24 de maio de 2009

faz de conta

O mundo era da janela pra dentro
e a fumaça dos carros
era incenso
e os contratempos
bolinhas de sabão.

Faz de conta

o tempo nem passou
atravessado
num poema de atrazos

o telefone tocou
a luz acendeu
o amor chegou.

segunda-feira, 18 de maio de 2009

Há um terror

Há um terror escondido nos cantos
de rodapé, (lá) onde o dia acumula poeiras,
este universo onírico,
vertiginoso e sempre em
revolução –
– da queda
ao abismo invertido em que infinitamente
caimos para fora da gravidade, flutuando
(flutuando para o fundo do abismo e
caindo estarrecedoramente no céu duro);

Há um terror e um mistério:
De viver muito e isso ser
Muito pouco

pode demorar

Ah, insônia
esta vil companheira!
Que me dá e tira
todos os dias futuros
numa noite só.

Ah insônia,
esta pouca sorte!
Temor dos piratas
e monstros
que eu nunca fui.

Ah insônia,
antecipação da morte
que pode demorar
- e até lá, o que faremos?

On/Off

Que ninguém interrompa
quando o meteoro se chocar
na terra. Que ninguém
se choque. Que ninguém aperte
o interruptor.
Que ninguém se rompa
em lágrimas.

Contando o tempo
em maços, escarros
espaços, em passos

não dura um cigarro
- a vida é dura.